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Estética e Ética da Paisagem (1 º Sem 2017/2018)

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Sumários

Tipo do Turno:
Turno:
Docente:
Ordem:

07/11/2017 17:00 Aula Teórica

Perspectivas de conservação da natureza.

Projecção de filmes e debates.

Perspectivas de conservação da natureza.

Modificado em 11/11/2017 15:11 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: 8 alunos.

31/10/2017 17:00 Aula Teórica

Paisagem e Cidade.

Paisagem e Cidade. Análise do texto de Joachim Ritter, III.

Modificado em 11/11/2017 15:10 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: 13 alunos.

24/10/2017 17:00 Aula Teórica

Paisagem e Cidade

Paisagem e Cidade. Georg Simmel, "As metrópoles e a vida do espírito".

Apresentação de texto pelos alunos.

Modificado em 11/11/2017 15:07 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: 13 alunos.

17/10/2017 17:00 Aula Teórica

Teorias da Paisagem

Augustin Berque. Conceitos de paisagem.

Apresentação de texto pelos alunos.

Modificado em 11/11/2017 15:06 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: 13 alunos.

10/10/2017 17:00 Aula Teórica

Ética: Grandes modelos do pensamento ocidental

Ética

 

Etimologia:

Do grego (ethikè) < εθος (éthos): hábito, costume(s);

ήθος (èthos) : carácter, disposição da alma.

-- mais ancestral: habitar, lugar da vida.

 

Moral : < latim mos (nom.) - moris (gen.) : costumes, conduta da vida, regras de comportamento.

 

Etimologicamente, o sentido é idêntico.

 

Substantivo : disciplina filosófica que reflecte sobre a noção de bem / diz respeito ao bem e ao mal/ ; 

as condições (requisitos) da acção boa / o que se deve ou não deve fazer ; sobre as finalidades e valores da existência, sobre as condições de uma vida feliz.

Adjectivo: Incide sobre o agir humano (o que determina uma acção como boa), os comportamentos, as escolhas (os valores  e os fins).

 

Ética e Moral : da identificação (clássica) à diferenciação mais recente.

 

Questão do primado : VALOR – ACÇÃO - AGENTE

 

Moral : conjunto de regras, normas ou leis com valor prescritivo, objectivo, por vezes com pretensão universal / sistema de regras (familiares, sociais, culturais, religiosas……) que orientam ou predeterminam as condutas.

Ética : incide no agente,  plano das escolhas subjectivas, tendo em conta a relatividade de valores no tempo e no espaço, em função da comunidade em que se inserem.

 

 


Grandes modelos do pensamento ocidental

 

Modelo teleológico: (finalidade; telos)

Escolha dos meios – fins  (dos fins subordinados ao fim supremo : o Bem)

A prudência (phronesis); A virtude como justo meio. Felicidade (bem-aventurança)

 

Modelo deontológico (dever, deon)

Diferença entre ser e dever (ser).Primado da liberdade sobre a felicidade.

Moral como autonomia e autodeterminação: a lei moral.

 

Modelo utilitarista (consequências)

O princípio da utilidade. O princípio da maior felicidade.

 

Textos de apoio distribuídos do livro Cristina Beckert, Ética, pp.18-20 ; 53-55 ; 61-63.

 

 

Próxima aula :

Augustin Berque, « O Pensamento paisageiro. Uma aproximação mesológica », in Antologia, pp. 200-2012.

Georg Simmel, « Filosofia da Paisagem », in Antologia, pp. 39-51.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Modificado em 12/10/2017 10:23 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: não foram contabilizadas.

03/10/2017 17:00 Aula Teórica

2. A subjectividade da beleza

2. A subjectividade da beleza

 

A concepção subjectiva do belo no contexto da alteração da posição do homem face ao mundo.- A descoberta do Eu como sujeito da apreciação. A formação da categoria de gosto.

- A realidade como sendo composta de propriedades objectivas (primárias) e qualidades subjectivas (secundárias: sensações; entre estas, a beleza).

 

 

"O gosto não é uma propriedade das coisas, existe unicamente no espírito de quem as con­­­templa e cada espírito percebe uma beleza diferente. Uma pessoa pode mesmo per­­ce­ber deformidade aí onde outra é sensível à beleza; e cada indivíduo de­veria estar de acordo com o seu próprio sentimento (sentiment), sem pretender re­gular o dos outros." (David Hume, Of the Stan­dard of Taste / Da norma do Gosto (1757).

 

- As faculdades estéticas: sentimento e imaginação.

"todo o sentimento (sentiment) é real (real) e não tem uma referência a não ser a ele mesmo, quer se te­nha ou não consciência disso. (Of the Stan­dard of Taste;, 244).

 

 

Para distinguir se algo é belo ou não, nós nãoreferimos a representação ao ob­jecto por meio do entendimento, tendo em vista o conhecimento, mas referimo‑la por meio da ima­gi­nação (talvez ligada ao entendimento) ao sujeito e ao sen­timento de pra­­­zer e des­­­­­prazer deste. O juízo de gosto não é, portanto, um juízo de co­­nhe­ci­mento; por con­se­­quência, não é lógico, mas estético, pelo qual entendemos aquilo cu­jo fun­da­mento de de­ter­mi­na­ção não pode ser senão sub­jectivo. Kant, Crítica da Faculdade do Juízo, KU, §1. (1790).

 

 

- A bifurcação dos sentimentos estéticos: o belo e o sublime

 

- O reflexo desta forma de ver e fruir é patente na modificação das categorias es­­té­ticas, encontrando‑se o seu eco primeiro na estética inglesa, depois na estética ale­mã. Na filosofia inglesa, Joseph Addison, "The Pleasures of the Imagination" (The Spectator, 1712) será o primeiro a utilizar o termo sublime para de­­­­signar o fascínio da montanha; A. Shaftesbury, (The Moralists), por sua vez, elogia a natureza irregular, im­­­­po­nen­te, e considera‑a preferível à regularidade.

 

- Sucessivamente, co­meçam a ser apreciadas tam­­­­bém a vastidão e a vio­lência do mar, a força da tempestade (e não só a tran­qui­li­da­de das cos­­­tas, golfos e baías seguras e calmas).

Edmund Burke (A philosophical Enquiry into the origins of our ideas of the sublime and tne beautiful) introduz a importância estética do terror, o delightful horror do su­blime, em contraste com os tópicos clássicos das regras e da codificação racional.

 

Aconselha‑nos, pois, o bom senso que se deva distinguir mediante algum outro no­me duas coisas de naturezas tão diversas, como um prazer (pleasure) que é sim­ples e sem ne­­nhuma relação com outro sentimento, daquele prazer cuja existência é sem­pre relativa e estreitamente vin­culada à dor (pain). Seria muito es­tranho se esses sen­­­timentos (affections), tão diferentes nas suas causas e de efeitos tão dife­rentes, de­­vessem ser con­­fundidos porque o uso vulgar os colocou sob uma mesma de­no­mi­nação genérica. Sempre que tiver oportunidade de falar sobre es­­se tipo de pra­zer re­lati­vo, chamo‑o de deleite (delight). [...] Tal como em­pregarei a palavra de­leite pa­ra in­­dicar a sen­sação (sen­sation) que acompanha a eli­minação da dor ou do pe­rigo; por­­­­tanto, quando me referir ao prazer positivo cha­má‑lo‑ei, na maioria das ve­zes, sim­­­­plesmente de prazer (plea­sure). (Edmund Burke, Enquiry, Parte I, IV).

 

 

 

Nas teorizações da atitude estética da Modernidade como resposta afectiva perante o mundo na­tu­ral, são de relevar diversos aspectos decisivos para a estética do século XVIII:‑

a separação do sentimento da esfera da razão, nomeadamente da ra­cio­na­li­dade matemática e geométrica.

‑ a associação do estético ao sentimento subjectiviza a experiência e coloca‑a do lado do contemplador ou espectador.

‑ a experiência ou sentimento da natureza bifurca‑se em duas formas ou atitudes psi­cológicas funda­mentais – o belo e o sublime.

‑ o intelecto, incapaz de se emo­cio­nar com o espectáculo da natureza em bruto e os seus va­lores cede o primado à imaginação, do­ravante eleita como faculdade por ex­ce­lência da es­te­­ti­ci­dade.

 

Disputa entre Jardim francês (à francesa) e Jardim inglês (à inglesa).

 

 

 

Bibliografia:

– David Hume, Of the Standard of Taste (1757); trad. port. A Norma do Gosto, IN-CM..

– Edmund Burke, A Philosophical Enquiry into the Origin of Our Ideas of the Sublime and Beau­­­tiful (1757); Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas idéias do sublime e do belo, tra­du­ção, apre­­­sentação e notas de Enid Abreu Dobránszky, Campinas SP, Papirus, 1993.

 

 

 

 

O nascimento da (categoria) de Paisagem

 

A formação da palavra "paisagem".

 

 

Entre os sécs. XV e XVI assiste-se ao nascimento da palavra:

em italiano: paese – paesaggio, que figura na ex­pres­são pittura di pae­saggio.

em francês, pays (= território, região, província) e pay­sage, um neo­lo­gis­mo pa­ra referir a pintura que representa uma porção de ter­ri­tó­rio; só mais tarde, pay­sage passa a referir o modo de perceber (aquilo que de um território é per­cep­tível com o olhar).

 

Em alemão e holandês, a partir de Land (terra) formam‑se Landschaft e landschap (=região, pro­­vín­cia, forma do ter­ri­tório);

É ainda durante o século XVI que no alemão e no holandês o termo ga­nha o si­gni­ficado de re­pre­­sentação pictórica. Dürer (1521) re­fe­re‑se ao "Landschafts­maler" (pin­tor de pai­sa­gem).

A pa­lavra paisagem ganha aí o significado duplo que con­tinua ainda a manter na lin­­­guagem cor­­­rente de muitas línguas actuais: o de objecto real e o de re­presentação (ou ima­gem re­­pre­sentada) desse objecto.

 

 

A apreciação da natureza sublime.

 

A valorização estética dos Alpes

 

Não se pode identificar uma data precisa para esta valorização, apenas recordar al­guns dados. São alpinistas e geólogos os primeiros a descobrir a mon­­tanha, estando do­­­cumentadas a escalada do monte Aguille em 1492 e os tes­­te­munhos do humanista Kon­rad Gessner no séc. XVI (Sobre a admiração das mon­ta­nhas, 1543), que per­ma­ne­cem ca­sos excepcionais; o traço que lhes é co­mum é a atenção ao carácter inóspito, agreste e amea­­çador.

É a partir de fins do séc. XVII que alguns viajantes começam a olhá‑la de outra maneira, manifestando atrac­ção e in­teresse por glaciares, picos e des­­­fi­la­­­deiros. John Dennis, que faz a tra­ves­sia dos Alpes (1693) relata "o hor­ror que de­lei­ta e uma alegria terrível". Duas figuras‑chave estão associadas a este movimento:

Albrecht Haller, autor do poema Die Alpen (1732) celebra os Alpes como "mistura de horrível e de agra­­dável", pos­­­suindo "um encanto que quem é indiferente à na­tu­reza igno­ra." Sinal de um novo gosto, que se torna motivo de cres­cente in­te­res­se e curiosidade (viagens, excursões). Pela primeira vez a natureza con­­si­de­rada em bru­to, não modelada e livre da es­fe­ra da acção humana é tomada co­mo puro objecto de de­leite, in­de­pen­den­te­men­te de qualquer uti­lidade.

A outra figura emblemática é Horace‑Bénédict de Saus­sure, autor do di­vul­ga­dí­s­simo Voyage dans les Alpes (4 vols. Neu­­châtel, 1779‑1796), que refere:

Je puis vous assurer n'avoir encore rien vu d'aussi riche en horreurs et en même temps aussi magni­fi­que", "l'on ne voit que des tours, des précipices e des ponts de gla­­ce d'une gran­deur colossale et des abî­mes que l'oeil n'ose sonder.

(citado por Fernando Guer­reiro, O caminho da montanha, 69).

 

 

 

Modificado em 04/10/2017 19:00 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: 15 alunos.

26/09/2017 17:00 Aula Teórica

I. Teorias e valores da Estética clássica.

I. Teorias e valores da Estética clássica.

 

Multiplicidade de acepções e usos correntes do termo.

Uso como substantivo:

  • - uma disciplina, um campo doutrinário, um conjunto de questões com unidade temática (“a Estética”) , ou definindo um discurso coerente sobre um sector específico do real, uma disciplina da Filosofia distinta das restantes pelo objecto teórico (“a Estética de Kant”).
  • - um sistema de valores, um estilo, correntes ou gosto de uma época (pertencente sobretudo ao vocabulário da história e da crítica da arte, e da teoria e crítica literária (“a estética clássica, a estética do Barroco, do Modernismo…..).
  • - a beleza, a harmonia, o equilíbrio, perfeição de um objecto, em consonância com um determinado ideal, uma norma, um paradigma: “a estética de um edifício, de uma cidade, de um conjunto, de um rosto, de um jardim, de uma paisagem… “.

 

O campo teórico da Estética: conjunto de doutrinas que reflectem sobre a Beleza, a experiência (estética) do sujeito, a Arte (a criação artística / os objectos artísticos).

 

Uso como adjectivo: o “estético”:

- como modo de ser: qualidade (ou qualidades próprias , modos de ser de um objecto, de um ente, de uma situação: propriedades objectivas do objecto --- uso objectivista (por ex. a beleza, e outros valores).

- como modo de ver, apreender, sentir: modalidade como o sujeito capta (esteticamente) o objecto / condições da contemplação e da apreciação).

 

A invenção da Estética como disciplina independente:

 

Alexander Gottlieb Baumgarten, Aesthetica, 1750 (da escola Leibniz-Wolff)

Advento da sensibilidade na demarcação com o pensamento lógico. Reconhecimento de uma lógica da sensibilidade. Origem duplamente iluminista e grega. Recupera o sentido grego de aisthetikos (do radical aisthesis, sensação) e testemunha a íntima relação do universo estético com a esfera da sensibilidade humana, por demarcação do universo intelectual.

 

§ 1. A ESTÉTICA (teoria das artes liberais, gnoseologia inferior, arte do pensar belamente, arte do análogo da razão) é a ciência do conhecimento sensitivo).

 

§ 1. AESTHETICA (theoria liberalium artium, gnoseologia inferior, ars pulchre cogitandi, ars analogi rationis) est scientia cognitionis sensitivae).

Trad. port. Ana Rita Ferreira, “Prolegómenos” da Estética de Baumgarten”, Philosophica, 44 (2014).

 

A Aesthetica não é só a primeira obra com este título, mas igualmente a primeira a justificar o objecto e o estatuto autónomo de uma disciplina que orienta as operações da nossa sensibilidade (facultas cognoscitiva inferior), distinta da Lógica, que orienta as operações da inteligência (facultas cognoscitiva superior). A facultas cognoscitiva inferior fornece um conhecimento sensível (cognitio sensitiva), claro, mas confuso, isto é, que permite reconhecer o objecto mas sem poder discriminar e enunciar as propriedades. É um analogon da razão.

O conhecimento sensível perfeito: unidade do conteúdo, da ordem dos elementos e da sua expressão.

O objectivo da Estética é o de conhecer e produzir a beleza.

Teoria das artes liberais, das belas-artes.

Arte do pensar com beleza:

§ 14. O fim da Estética é a perfeição do conhecimento sensitivo enquanto tal. Ora este fim é a beleza.

§ 14. Aesthetices fines est perfectio cognitionis sensitivae, qua talis. Haec autem est pulcritudo.

 

 

 

–––––––––––––––––

 

I. Estéticas Clássicas.

1) O que é o valor estético? Evolução histórica dos valores estéticos, com particular in­ci­dência nas categorias clássicas: o belo e o sublime.

Concepções objectivistas e subjectivistas da beleza.

A relação – articulação e hierarquia - entre Natureza e Arte, e entre belo natural e belo artístico.

 

 

1. A objectividade da beleza

 

1. A beleza como ordem intrínseca do mundo (cosmos). O primado do todo sobre as partes.

 

A natureza como todo or­denado (cos­mos). O primado da forma in­te­ligível sobre as coisas sensíveis. O Belo co­mo ideia e como ordem. A visão da na­­tureza como unidade organizada, um todo in­trin­se­ca­mente or­­­de­nado (cos­mos), que sustenta os elementos. A or­dem imanente do mundo pode ser captada somente por via in­telec­tual, e não per­­­­cep­­ti­va­­men­te, qual­­quer elemento visível remete para o fun­da­mento in­visível de que é ma­­­ni­fes­­tação, sendo por isso desconhecida dos Antigos a noção da pura vi­si­bilidade do na­tu­ral, que é re­legada para o plano do simples agrado sensitivo.

 

Querendo o deus que tudo fosse bom e nada fosse mau tomou todo o conjunto das coi­sas visíveis, que não estava em repouso, mas se movia sem regra e sem ordem, e fê‑lo passar da desordem à ordem, considerando que a ordem era sob todos os as­pectos preferível. (Platão, Timeu 27b-30a).

"[...] esta beleza, ele não a representará, por exemplo, com um rosto, ou com mãos, ou com o que quer que seja que pertença a um corpo, nem como um discurso ou um co­nhecimento, nem como existindo em qualquer sujeito determinado, tal como um vivente sobre a terra ou sobre o céu, ou noutro qualquer; mas representá-la-á em si mesma e por si mesma, eternamente unida a si mesma pela unicidade da forma, enquanto que as ou­tras coisas belas participam todas dela [...]." Platão, Banquete 211b.

 

(Esta concepção preside aos diversos holismos actuais, nomeadamente às concepções da ecologia profunda e da ética da terra).

 

 

 

2. A beleza como luz. Um valor para além da medida (harmonia, proporção, simetria...), Pressupõe a ordem, mas excede-a; qualidade intangível apreensível por via intelectual e não sensível. Estabelecido por Platão no diálogo Fedro, 250e atravessa o pensamento medieval (autores como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino) como "esplendor da ordem".

 

(Esta concepção preside ao pensamento dos arquitectos paisagistas portugueses Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles).

 

 

3. A beleza como perfeição interna das partes de um todo singular. Belo é um todo com­pleto, perfeito, acabado, a forma que alcançou o fim: um organismo vivo. As­sim, a arte humana deve as­se­melhar‑se ao ser vivo, ambos tendendo para o mesmo fim, o bem.

 

 

"Ser um todo é ter princípio, meio e fim. Princípio é aquilo que, em si mesmo, não sucede necessariamente a outra coisa, mas depois do qual aparece naturalmente algo que existe ou virá a existir. Pelo contrário, fim é aquilo que aparece depois de outra coisa, necessariamente ou na maior parte dos casos, e a que não se segue nada. Meio é aquilo que é antecedido por um e seguido pelo outro. [...] uma coisa bela – seja um animal seja toda uma acção – sendo composta de algumas partes, precisará não somente de as ter ordenadas, mas também de ter uma dimensão que não seja ao acaso: a beleza reside na dimensão e na ordem, e, por isso, um animal belo não poderá ser demasiado pequeno (pois a visão confunde-se quando dura um espaço im­percep­tível de tempo), nem demasiado grande (a vista não abrange tudo e assim a unidade e a totalidade escapa à observação de quem vê) [...]." (Aristóteles, Poética, 7).

 

(Esta concepção valoriza a singularidade e a individualidade, das obras e dos espaços naturais, como pequenos todos – nem demasiado grandes, nem demasiado pequenos --, belos se dotados de unidade,  ordenação interna e completude), éticas individualistas.

 

 

Leituras: France Farago, A Arte, Porto, Porto Editora, 2002, Capítulos 1 e 2.

 

Modificado em 27/09/2017 19:30 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: 15 alunos.

19/09/2017 17:00 Aula Teórica

ESTÉTICA E ÉTICA DA PAISAGEM : Programa, metodologia, avaliação

ESTÉTICA E ÉTICA DA PAISAGEM é um seminário de mestrado, obrigatório para Arquitectura Paisagista e opcional para Filosofia e outras áreas científicas.

O seminário pretende:

– Promover o conhecimento das doutrinas fundadoras da Estética e da Ética mais relevantes para o estudo teórico e a prática da Paisagem.

– Promover o conhecimento de diferentes concepções de Paisagem provenientes da filosofia, da arquitectura paisagista e outras áreas.

– Contribuir para a compreensão das paisagens como espelho de valores culturais e de escolhas éticas e políticas, positivas ou negativas.

– Desenvolver o espírito crítico e habilitar os alunos a tomar decisões conscientes na sua prática de

cidadania e de interventores sobre espaços naturais.

– Proporcionar capacidades de produção judicativa, na base de instrumentos para uma complexa leitura das paisagens naturais/ culturais tanto nas áreas rurais como nas urbanas.

– Estimular o gosto e as capacidades de investigação teórica nos domínios científicos abrangidos pela disciplina, tendo em vista a elaboração de dissertações.

 

 

 

A frequência desta UC permitirá aos alunos: 1. aquisição de novos conhecimentos em áreas da filosofia contemporânea. 2. conhecimento de diversas problemáticas, na base da leitura e interpretação de textos seleccionados. 3. competência no uso dos conceitos e categorias da filosofia e teorias da paisagem. 4. exercício do pensar crítico e a tomada de consciência da ambivalência dos conceitos.

Nesta UC de 2.º ciclo os alunos deverão: 1. Conhecer os conteúdos do programa apresentado, bem como a bibliografia essencial e o estado da questão. 2. Ler e compreender textos teóricos relevantes. 3. Analisar e interpretar correctamente as teorias propostas, dilucidando os diferentes problemas em debate. 4. Argumentar e intervir na discussão de teses fundamentais. 5. Elaborar, com autonomia, relatórios e ensaios.

Especial atenção será dada ao exercício do pensamento crítico, bem como à prática

da escrita argumentativa, competências que serão desenvolvidas ao longo do seminário.

 

 

 

 

 

Tópicos

 

I. Teorias e valores da estética clássica.

 

Evolução histórica dos valores estéticos, com particular in­ci­dência nas categorias do belo e do sublime. Concepções objectivistas e subjectivistas da beleza.

 

Articulação e hierarquia entre belo natural e belo artístico.

 

 II. Teorias e valores da ética clássica.

 

Orientações: teleológica, deontológica e utilitarista.

 

III. O conceito de Paisagem.

 

Natureza e Paisagem. Origem, determinação da essência e diversidade de abordagens.

 

A Paisagem na filosofia e na arquitectura paisagista.

 

Teorias clássicas e contemporâneas. O debate entre naturalismo e culturalismo.

 

IV. Ético-estética da Paisagem: problemas e perspectivas.

 

A articulação entre estética e ética da Paisagem no contexto da actual crise da Natureza.

 

Res­postas à pergunta: “como devemos agir?” A questão dos "direitos da na­tureza".

Modelos do pensamento ético: a ética da responsabilidade; ética da Vida: bioética animal e bioética ambiental

 

 

 

Bibliografia Geral:

 

 

 

Obras fundamentais, que servirão de base a diversos temas:

 

Cristina Beckert, Ética, CFUL, 2012.

 

Capítulos seleccionados dos seguintes volumes, com coordenação de Adriana Veríssimo Serrão, publicados no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.

 

Filosofia da Paisagem. Uma Antologia, 2011.

 

Filosofia e Arquitectura da Paisagem. Um Manual, 2012.

 

Filosofia e Arquitectura da Paisagem. Intervenções, CFUL, 2013.

 

 

 

Textos específicos de trabalho

 

 Mestrandos de Arquitectura Paisagista

 

Textos de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles.

 

Textos de Augustin Berque, Carmen Velayos, Arnold Berleant, Luisa Bonesio.

 

 

 

 

 

 

A unidade curricular funciona em regime de seminário presencial e é de frequência obrigatória.

A capacidade de apresentar e defender um ponto de vista, o uso da argumentação e o exercício do pensamento crítico são competências que apenas podem ser desenvolvidas num espaço colectivo. Cada sessão do seminário constará de diversos momentos: a) de uma exposição por parte das docentes; b) da leitura e interpretação dos textos seleccionados, com apresentações conduzidas pelos mestrandos; c) da apresentação e discussão de leituras.

 

 

 Avaliação

 

 

Mestrandos de Arquitectura Paisagista

A avaliação pode revestir-se de uma de 2 modalidades:

a) Elaboração de um trabalho teórico (até 10 pp.) O tema deste trabalho pode ser escolhido de entre os tópicos do programa e os textos da bibliografia; ou ser articulado com o tema da dissertação de mestrado, constituindo uma base teórica para o mesmo.

Os alunos deverão indicar os temas escolhidos até à última aula de Novembro.

Este trabalho será objecto de apresentação e discussão no período de avaliações do ISA.

b) Exame final escrito e exame oral no período de avaliações do ISA.

Para efeitos de classificação final serão ainda tidas em conta a assiduidade e participação.

 

 

 

 

 

 

 

Modificado em 21/09/2017 12:27 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: 4 alunos.

12/09/2017 17:00 Aula Teórica

Início do semestre a 18-9-2017

Início do semestre a 18-9-2017.

Modificado em 21/09/2017 12:22 Prof. Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão Presenças: não foram contabilizadas.