Teorias e valores da Estética clássica Theories and values of classical Aesthetics
15 Outubro 2019, 17:00 • Adriana Adriana Conceição Guimarães Veríssimo Serrão
15 Outubro
Teorias e valores da Estética clássica
Theories and values of classical Aesthetics
2. A subjectividade da beleza (continuação)
A concepção subjectiva do belo no contexto da alteração da posição do homem face ao mundo. A descoberta do Eu como sujeito da apreciação. A formação da categoria de gosto (primeiro nas obras de arte - o "bom gosto" do conhecedor das obras, do crítico, do académico…, depois em relação à natureza e ao mundo em geral, como uma faculdade de que todos os homens são dotados.
- A realidade como sendo composta de propriedades objectivas (primárias) e qualidades subjectivas (secundárias: sensações; entre estas, a beleza): o homem-indivíduo "põe" na realidade algo que não está lá.
2. The Subjectivity of Beauty (continued)
The subjective conception of beauty in the context of the alteration of man's position towards the world. The discovery of the self as a subject of appreciation. The formation of the taste category (first in works of art - the "good taste" of the connoisseur of works, the critic, the scholar ..., then in relation to nature and the world at large, as a faculty of which all men are gifted.
Reality as composed of objective properties (primary) and subjective qualities (secondary: sensations; among them, beauty): the individual-man "puts" into reality something that is not there.
- As faculdades estéticas: sentimento e imaginação.
todo o sentimento (sentiment) é real (real) e não tem uma referência a não ser a ele mesmo, quer se tenha ou não consciência disso. (David Hume, Of the Standard of Taste; 244).
"all sentiment is real and has no reference but to itself, whether or not you are aware of it" (David Hume, Of the Standard of Taste; 244)
Para distinguir se algo é belo ou não, nós não referimos a representação ao objecto por meio do entendimento, tendo em vista o conhecimento, mas referimo‑la por meio da imaginação (talvez ligada ao entendimento) ao sujeito e ao sentimento de prazer e desprazer deste. O juízo de gosto não é, portanto, um juízo de conhecimento; por consequência, não é lógico, mas estético, pelo qual entendemos aquilo cujo fundamento de determinação não pode ser senão subjectivo. Kant, Crítica da Faculdade do Juízo, KU, §1 (1790).
In order to distinguish whether something is beautiful or not, we do not refer to the representation of the object through understanding in view of knowledge, but refer to it through the imagination (perhaps linked to understanding) to the subject and the feeling of pleasure and displeasure of it. The judgment of taste is not, therefore, a judgment of knowledge; consequently, it is not logical but aesthetic, by which we understand that whose foundation of determination can be but subjective. Kant, Critique of the Faculty of Judgment, KU, §1 (1790).
“Vê‑se facilmente que para dizer belo um objecto […] o que importa é o que eu descubro em mim em relação a essa representação e não aquilo pelo qual dependo da existência do objecto.” (KU, §3).
“It is easy to see that to say beautiful an object […] what matters is what I discover in myself in relation to this representation and not what I depend on the existence of the object” (KU, §3).
Embora o sentimento seja subjectivo, tal não significa que seja exclusivamente individual.
Há princípios gerais do gosto (aprovação e de censura), que podem ser partilhados e discutidos.
David Hume defende o papel da educação no afinamento do gosto. Esta tarefa cabe aos especialistas, os mais habilitados para orientar o sentimento dos outros.
Se bem que os princípios do gosto sejam universais e quase, senão inteiramente os mesmos em todos os homens, todavia muito poucos homens estão qualificados para dar o seu juízo sobre uma obra de arte ou para estabelecer o seu próprio sentimento como sendo o padrão da beleza. (Ibid., 257).
While the principles of taste are universal and almost, if not entirely, the same in all men, yet very few men are qualified to give their judgment on a work of art or to establish their own sense. It's like the standard of beauty. (Ibid., 257).
A norma [padrão] (Standard) do gosto
... uma regra pela qual os sentimentos diversos dos homens possam ser reconciliados ou pelo menos uma decisão, proposta, confirmando um sentimento ou condenando outro. (Ibid., 244).
... um sentido (sense) forte, unido à delicadeza do sentimento, melhorado pelo exercício (practice), aperfeiçoado pela comparação, e depurado de todo o preconceito, só ele pode conferir a um crítico este carácter apreciável; e o veredicto conjunto de tais homens [...] é a verdadeira norma do gosto e da beleza. (Ibid., 258).
The standard of taste
... a rule by which the diverse feelings of men may be reconciled or at least one decision, proposed, confirming one sentiment or con outronding another. (Ibid., 244).
... a strong sense, coupled with the delicacy of feeling, improved by practice, perfected by comparison, and refined from all prejudice, can only give a critic this appreciable character; and the veredicto ensemble of such men [...] is the true standard of taste and beauty. (Ibid., 258).
Também Kant concilia o gosto de cada um com a comunicabilidade dos juízos estéticos, que podem ser partilhados, discutidos e educados. A vivência estética individual não conduzirá ao egoísmo, ao isolamento de cada um na sua esfera privada. Testemunho proferido e declaração pública de um acto pessoal, sempre um juízo singular, o gosto é ao mesmo tempo um modo de estar em comum e funda uma maneira alargada de ver o mundo em que os juízos podem ser confrontados e discutidos num espaço de autonomia partilhada e de liberdade conjunta. (KU §§ 40 e 57).
Kant also reconciles each one's taste with the communicability of aesthetic judgments, which can be shared, discussed and educated. Individual aesthetic experience will not lead to selfishness, isolation in one's private sphere. Witnessed testimony and public statement of a personal act, always a singular judgment, taste is both a way of being in common and a broad way of seeing the a world in which judgments can be confronted and discussed in a space of shared autonomy and joint freedom. (KU §§ 40 and 57.)
A condição desta comunicabilidade é a ausência de interesse ou desinteresse (Interesselosigkeit); um juízo onde, tanto quanto possível, não se misturam interesses privados, egoístas ou utilitários.
The condition of this communicability is the absence of interest or disinterest (Interesselosigkeit); a judgment where, as far as possible, private, selfish or utilitarian interests are not mixed.
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